Layout da página e Introdução ao tema: Adríssia Vieira Cavalcante.
Sérgio Buarque: José Pedro, Pedro Quirino e Samuel Moura.
Gilberto Freyre: Bruno Rocha e Vicente Paulo.
Roberto Damatta: Mariana Soares e Thamires Monteiro.
Links de artigo e Vídeos: Edson Cavalcante e Filipi Alencar.
A índole da Brasilidade
Quem somos os brasileiros, sob olhar atento e crítico de: Sérgio Buarque, Gilberto Freyre e Roberto Damatta.
A brasilidade destrinchada em Sérgio Buarque, Gilberto Freyre e Roberto Damatta.
Quem
somos os brasileiros? A licença poética para se incluir no discurso existe
porque em menor ou maior grau os brasileiros se assemelham devido ao processo de formação
da sua índole. A índole da Brasilidade foi um tema discutido por diversos
autores, como Sérgio Buarque, Roberto Damatta e Gilberto Freyre. Em suas obras,
eles buscaram teorizar como o histórico de formação do Brasil foi
determinante para as características da nossa sociedade atual.
Em
Sérgio Buarque, conheceremos através de sua obra “Raízes do Brasil” a visão
histórica da formação do Brasil como retrato maior das relações familiares. E a
cordialidade do brasileiro determinada como privativismo da organização social
originalmente rural. Já para Gilberto Freyre há no Brasil resquícios da
“escravidão moura” aquela na qual o escravizado para garantir mais direitos
tinha que se adaptar ao modo de viver do dominador. E agora então somos
brasileiros tentando nos europeizar para ascender de status. E por fim temos
Roberto da Matta, em um paralelo feito entre trânsito e a sociedade, o
paradigma da rua e paradigma da casa, respectivamente. Ele consegue defender a
teoria de que o brasileiro oscila entre a política da boa vizinhança e a
hierarquia, em outras palavras; o “jeitinho” e “você sabe com quem você está
falando?”.
E
assim cada um desses autores vai buscando formas de delinear a índole da
brasilidade. Tema principal do blog em questão.
Sérgio Buarque de Holanda na obra "Raízes do Brasil"
A brasilidade é trabalhada por Sérgio Buarque de Holanda na obra “Raízes do Brasil”, lançada em 1936, através da contraposição entre aspectos antagônicos do cotidiano como o trabalho e a aventura ou o urbano e o rural. Na obra, o autor busca na história colonial as origens dos nossos problemas nacionais, descrevendo o brasileiro como um “homem cordial”, que age pelo coração e pelo sentimento, preferindo as relações pessoais ao cumprimento das leis.
No primeiro capítulo da obra, intitulado “Fronteiras da Europa”, Sérgio Buarque demonstra que os países ibéricos não tinham adquirido uma hierarquia feudal enraizada, ao contrário da maioria das demais potências europeias. Para os países ibéricos cada homem tinha que depender de si próprio e somado a isso havia o relaxamento organizacional que estava muito presente na história de Portugal e, consequentemente, na do Brasil.
Em seguida Sérgio Buarque fala que existem dois tipos de homens: um com olhar mais amplo, o aventureiro, e outro com olhar mais restrito, o trabalhador. No entanto, esses dois homens se confundem dentro de si mesmo. O gosto pela aventura do povo português foi o que possibilitou a colonização do Brasil. O português vinha para a colônia buscar riqueza fácil, além disso, eles preferiam a vida aventureira ao trabalho agrícola. O trabalho agrícola ficou a cargo dos escravos. Para Sérgio Buarque, os portugueses já eram mestiços antes dos descobrimentos, além disso, já conheciam a escravidão africana no seu país. O autor faz parecer que o preconceito com os negros era bem maior do que com os índios no Brasil colonial. O trabalho mecânico era desprezado, pois só se fazia o que valia a pena, o que era lucrativo. Buarque afirma que os brasileiros não eram solidários entre si, que a moral da senzala era a preguiça e que o resultado de tudo isso foi a mestiçagem, que possibilitou a construção de uma nova pátria.
No terceiro capítulo, quando o autor trata do tema da herança rural, se define porque a relação de mando-obediência encontrou campo fértil no Brasil: “nos domínios rurais, a autoridade do proprietário de terras não sofria réplicas. Tudo se fazia consoante sua vontade,muitas vezes caprichosa e despótica”(HOLANDA,1995:80).Em todo o capítulo é desenvolvida a teoria de que essa esfera doméstica vertical e opressiva ampliou-se a ponto de construir a própria sociedade política no Brasil. Os senhores de engenho eram sinônimos de solidez dentro da sociedade colonial. O engenho era um organismo completo, uma micro-sociedade. Num primeiro momento, os homens que vinham para a cidade eram os que tinham certa importância no campo. Houve uma substituição das honras rurais para as honras da cidade. Os colonos brancos continuavam achando que o trabalho físico não dignificava o homem, mas sim o trabalho intelectual. Com a Revolução Industrial, o trabalhador teve que virar máquina. O sentimento de nobreza e a aversão ao trabalho físico saíram da Casa Grande e invadiram as cidades; o que nos mostra o quanto foi difícil, durante a Independência, ultrapassar os limites políticos gerados pela colonização portuguesa.
Sérgio Buarque retrata no 4° capítulo a diferença entre a colonização portuguesa e espanhola e como elas marcaram culturalmente e socialmente sociedades posteriores. A colonização portuguesa, considerada semeadora, diante do interesse apenas da exploração das terras e por não querer criar raízes. Queria a colônia como um meio de obter lucro de maneira rápida, devido a isso deixou a mesma sem organização e sem estrutura, não dando importância as construções e nem mesmo e atentando ao crescimento da colônia. Embora a colonização espanhola tenha sido bem diferente, deixando marcas e construções da metrópole, sempre preocupada com a entrada de estrangeiros. O referido autor comenta também sobre a língua falada em São Paulo, que era a dos índios, já que quando os colonizadores chegaram à colônia, era habitada pelos índios. Deu ênfase na importância que os portugueses dedicavam a fazer parte da nobreza.
No 5° capítulo intitulado “O Homem Cordial’’ o autor leciona que o homem cordial é um homem que se deixar levar pelo coração, pelos laços familiares e sentimentais. Ele explica que o brasileiro é considerado um homem cordial, em virtude de o Estado ser propriedade da família e isso dificulta até hoje a distinção da esfera da vida pública da esfera privada, os políticos, por exemplo, tendem a usufruir de seus cargos (públicos) objetivando “vantagens” na vida privada. Segundo Sergio Buarque, o que caracteriza o homem cordial é a burocracia e o patrimonialismo.
Sergio Buarque no 6° capítulo, “Novos tempos’’, ressalta que os bacharelados de antigamente não davam tanta importância para o saber, o importante era o poder que teriam, o quanto essa formação iria proporcionar um capital e a sua satisfação individual, ou seja, o “status”. Comenta sobre a aparente sociabilidade, mas na verdade o que prevalecia era o individualismo. E escreveu sobre o romantismo, que a partir dele a sociedade não enxergava a realidade dos fatos, tanto que ele menciona a democracia que foi criada, uma democracia que para o autor não era real.
Finalizando a celebre obra o autor escreve o sétimo e ultimo capítulo chamado “Nossa Revolução”, aonde aborda como as cidades, a economia, a cultura e a sociedade mudaram, embora que de acordo com o autor, se não acabar com a “cordialidade” o Brasil não vai obter uma revolução, ou seja, uma grande mudança. A sociedade precisa saber se desvincular desse sentimentalismo e buscar a “racionalidade”. Ele retrata a passagem de rural para urbana, da economia baseada na cana-de-açúcar para a economia com o foco café, da oligarquia até a democracia, embora que fosse disfarçada. E enfatizou as revoluções, que ocorreram no decorrer da história do Brasil.
No primeiro capítulo da obra, intitulado “Fronteiras da Europa”, Sérgio Buarque demonstra que os países ibéricos não tinham adquirido uma hierarquia feudal enraizada, ao contrário da maioria das demais potências europeias. Para os países ibéricos cada homem tinha que depender de si próprio e somado a isso havia o relaxamento organizacional que estava muito presente na história de Portugal e, consequentemente, na do Brasil.
Em seguida Sérgio Buarque fala que existem dois tipos de homens: um com olhar mais amplo, o aventureiro, e outro com olhar mais restrito, o trabalhador. No entanto, esses dois homens se confundem dentro de si mesmo. O gosto pela aventura do povo português foi o que possibilitou a colonização do Brasil. O português vinha para a colônia buscar riqueza fácil, além disso, eles preferiam a vida aventureira ao trabalho agrícola. O trabalho agrícola ficou a cargo dos escravos. Para Sérgio Buarque, os portugueses já eram mestiços antes dos descobrimentos, além disso, já conheciam a escravidão africana no seu país. O autor faz parecer que o preconceito com os negros era bem maior do que com os índios no Brasil colonial. O trabalho mecânico era desprezado, pois só se fazia o que valia a pena, o que era lucrativo. Buarque afirma que os brasileiros não eram solidários entre si, que a moral da senzala era a preguiça e que o resultado de tudo isso foi a mestiçagem, que possibilitou a construção de uma nova pátria.
No terceiro capítulo, quando o autor trata do tema da herança rural, se define porque a relação de mando-obediência encontrou campo fértil no Brasil: “nos domínios rurais, a autoridade do proprietário de terras não sofria réplicas. Tudo se fazia consoante sua vontade,muitas vezes caprichosa e despótica”(HOLANDA,1995:80).Em
Sérgio Buarque retrata no 4° capítulo a diferença entre a colonização portuguesa e espanhola e como elas marcaram culturalmente e socialmente sociedades posteriores. A colonização portuguesa, considerada semeadora, diante do interesse apenas da exploração das terras e por não querer criar raízes. Queria a colônia como um meio de obter lucro de maneira rápida, devido a isso deixou a mesma sem organização e sem estrutura, não dando importância as construções e nem mesmo e atentando ao crescimento da colônia. Embora a colonização espanhola tenha sido bem diferente, deixando marcas e construções da metrópole, sempre preocupada com a entrada de estrangeiros. O referido autor comenta também sobre a língua falada em São Paulo, que era a dos índios, já que quando os colonizadores chegaram à colônia, era habitada pelos índios. Deu ênfase na importância que os portugueses dedicavam a fazer parte da nobreza.
No 5° capítulo intitulado “O Homem Cordial’’ o autor leciona que o homem cordial é um homem que se deixar levar pelo coração, pelos laços familiares e sentimentais. Ele explica que o brasileiro é considerado um homem cordial, em virtude de o Estado ser propriedade da família e isso dificulta até hoje a distinção da esfera da vida pública da esfera privada, os políticos, por exemplo, tendem a usufruir de seus cargos (públicos) objetivando “vantagens” na vida privada. Segundo Sergio Buarque, o que caracteriza o homem cordial é a burocracia e o patrimonialismo.
Sergio Buarque no 6° capítulo, “Novos tempos’’, ressalta que os bacharelados de antigamente não davam tanta importância para o saber, o importante era o poder que teriam, o quanto essa formação iria proporcionar um capital e a sua satisfação individual, ou seja, o “status”. Comenta sobre a aparente sociabilidade, mas na verdade o que prevalecia era o individualismo. E escreveu sobre o romantismo, que a partir dele a sociedade não enxergava a realidade dos fatos, tanto que ele menciona a democracia que foi criada, uma democracia que para o autor não era real.
Finalizando a celebre obra o autor escreve o sétimo e ultimo capítulo chamado “Nossa Revolução”, aonde aborda como as cidades, a economia, a cultura e a sociedade mudaram, embora que de acordo com o autor, se não acabar com a “cordialidade” o Brasil não vai obter uma revolução, ou seja, uma grande mudança. A sociedade precisa saber se desvincular desse sentimentalismo e buscar a “racionalidade”. Ele retrata a passagem de rural para urbana, da economia baseada na cana-de-açúcar para a economia com o foco café, da oligarquia até a democracia, embora que fosse disfarçada. E enfatizou as revoluções, que ocorreram no decorrer da história do Brasil.
Gilberto Freyre
Brasilidade-Gilberto
Freyre
Os discursos desse autor apresentam uma preocupação em apresentar algumas hipóteses da gênese da sociedade brasileira, uma narrativa da construção da identidade brasileira. Há um significado intrínseco aos seus textos, que é o de servirem como veículo para ação política, e como fundamento para compreender o modo de ser brasileiro. Para Freire esse modo de ser formou a partir do modelo patriarcal e se deu a partir da influência da mistura de três culturas: européia (portuguesa), indígena e africana. Esse modelo patriarcal descrito por Freire foi considerado por muitos estudiosos sejam historiadores, antropólogos ou sociólogos como parâmetro para entendermos a formação e transformação da família brasileira ao longo dos séculos. Outros autores como Da Matta e Almeida destacam que o Patriarcalismo predomina não só no período colonial, mas também tem influência sobre o período da Independência, republica e no período moderno e contemporâneo brasileiro. Nos dias atuais o Brasil possui características muito diferentes daquele que caracterizava o modelo patriarcal: sociedade agrária e escravocrata, centrada na figura do pai. No entanto ainda existe no nosso modo de ser resquícios desse modelo através de alguns hábitos que foram passados por várias gerações
Levando-se em consideração o que o autor quer passar deve perceber a sua condição, melhor dizendo deve-se observar o momento específico em que aquilo foi produzido. Essa produção vai reproduzir percepções, impressões relacionadas ao Brasil e a sociedade brasileira de acordo com a época em que os textos foram produzidos.
Um livro que trata bem sobre as origens do que somos hoje, é “casa grande e senzala”, nessa obra podemos observar a realidade passada nessa unidade social. Nesse instituto que é a casa grande e a senzala, pode-se observar uma estrutura quase que auto-suficiente e auto reguladora, em que o senhor de engenho é a figura maior a ser respeitada.
O livro trata sobre a questão da miscigenação portuguesa e africana, o contato entre esses produz uma mistura de culturas, uma cultura assimila um pouco da outra, e nisso se produz um pouco do que somos hoje, há uma relação cultural absorvida do indígena também, como o fato de assimilar a farinha de mandioca da alimentação, a rede como utensílio para o descanso. Gilberto fala que a rede pode ser considerada uma manifestação artística do gosto de repouso, combinado com o prazer do movimento. Ele ainda menciona o patriarca na rede como a figura do ocioso, de manhã o patriarca na rede como a figura que dá ordens e de noite essa figura torna-se passiva e preguiçosa. É importante notar as relações pequenas e as imagens produzidas por elas em que Gilberto Freyre estabelece como a figura do balançar da rede que é similar ao movimento do colonizador indo de um lado para o outro. Essas figuras as vezes passam desapercebido para o leitor, mas ajudam a entender um pouco melhor o que o autor quer apresentar. O que dizer da curiosa figura do “bicho de pé” e da “boa coceira” imagem que significa uma relação de parasitismo em que o parasita encontra moradia e ao mesmo tempo dá prazer ao dono do pé. Imagem que representa o repouso do bicho de pé e o movimento do dono do pé, e mão que coça o bicho.
O quarto na casa grande é um símbolo bastante importante, quarto que guarda coisas, coisas que aparentemente não possuem valor nenhum. No entanto é depositário de uma biografia de uma história. O autor ainda compara a um barco, representando casa, moradia, que em movimento seria como a própria brasilidade. A casa maior seria como se fosse o próprio Brasil em busca da sua história e de sua identidade.
Observa-se que Gilberto Freyre constrói várias imagens para estabelecer em sua obra padrões de comportamentos que moldaram e consequentemente ajuda a entendermos a origem brasileira, um pouco de costumes que apresentamos ainda hoje, fruto de um passado de miscigenação entre portugueses, índios e africanos. Nisso pode ser presenciado em alguns hábitos que se possui ainda hoje como: descansar em rede em algumas regiões, comer alimentos derivados da farinha de mandioca, dentre outros.
Os discursos desse autor apresentam uma preocupação em apresentar algumas hipóteses da gênese da sociedade brasileira, uma narrativa da construção da identidade brasileira. Há um significado intrínseco aos seus textos, que é o de servirem como veículo para ação política, e como fundamento para compreender o modo de ser brasileiro. Para Freire esse modo de ser formou a partir do modelo patriarcal e se deu a partir da influência da mistura de três culturas: européia (portuguesa), indígena e africana. Esse modelo patriarcal descrito por Freire foi considerado por muitos estudiosos sejam historiadores, antropólogos ou sociólogos como parâmetro para entendermos a formação e transformação da família brasileira ao longo dos séculos. Outros autores como Da Matta e Almeida destacam que o Patriarcalismo predomina não só no período colonial, mas também tem influência sobre o período da Independência, republica e no período moderno e contemporâneo brasileiro. Nos dias atuais o Brasil possui características muito diferentes daquele que caracterizava o modelo patriarcal: sociedade agrária e escravocrata, centrada na figura do pai. No entanto ainda existe no nosso modo de ser resquícios desse modelo através de alguns hábitos que foram passados por várias gerações
Levando-se em consideração o que o autor quer passar deve perceber a sua condição, melhor dizendo deve-se observar o momento específico em que aquilo foi produzido. Essa produção vai reproduzir percepções, impressões relacionadas ao Brasil e a sociedade brasileira de acordo com a época em que os textos foram produzidos.
Um livro que trata bem sobre as origens do que somos hoje, é “casa grande e senzala”, nessa obra podemos observar a realidade passada nessa unidade social. Nesse instituto que é a casa grande e a senzala, pode-se observar uma estrutura quase que auto-suficiente e auto reguladora, em que o senhor de engenho é a figura maior a ser respeitada.
O livro trata sobre a questão da miscigenação portuguesa e africana, o contato entre esses produz uma mistura de culturas, uma cultura assimila um pouco da outra, e nisso se produz um pouco do que somos hoje, há uma relação cultural absorvida do indígena também, como o fato de assimilar a farinha de mandioca da alimentação, a rede como utensílio para o descanso. Gilberto fala que a rede pode ser considerada uma manifestação artística do gosto de repouso, combinado com o prazer do movimento. Ele ainda menciona o patriarca na rede como a figura do ocioso, de manhã o patriarca na rede como a figura que dá ordens e de noite essa figura torna-se passiva e preguiçosa. É importante notar as relações pequenas e as imagens produzidas por elas em que Gilberto Freyre estabelece como a figura do balançar da rede que é similar ao movimento do colonizador indo de um lado para o outro. Essas figuras as vezes passam desapercebido para o leitor, mas ajudam a entender um pouco melhor o que o autor quer apresentar. O que dizer da curiosa figura do “bicho de pé” e da “boa coceira” imagem que significa uma relação de parasitismo em que o parasita encontra moradia e ao mesmo tempo dá prazer ao dono do pé. Imagem que representa o repouso do bicho de pé e o movimento do dono do pé, e mão que coça o bicho.
O quarto na casa grande é um símbolo bastante importante, quarto que guarda coisas, coisas que aparentemente não possuem valor nenhum. No entanto é depositário de uma biografia de uma história. O autor ainda compara a um barco, representando casa, moradia, que em movimento seria como a própria brasilidade. A casa maior seria como se fosse o próprio Brasil em busca da sua história e de sua identidade.
Observa-se que Gilberto Freyre constrói várias imagens para estabelecer em sua obra padrões de comportamentos que moldaram e consequentemente ajuda a entendermos a origem brasileira, um pouco de costumes que apresentamos ainda hoje, fruto de um passado de miscigenação entre portugueses, índios e africanos. Nisso pode ser presenciado em alguns hábitos que se possui ainda hoje como: descansar em rede em algumas regiões, comer alimentos derivados da farinha de mandioca, dentre outros.
A dualidade brasileiríssima de ser, sob à ótica de Roberto Damatta
Roberto
Da Matta é um antropólogo brasileiro, que dedicou sua vida profissional ao
estudo do nosso país, de modo que já publico 17 livros sobre o assunto. Morou
por mais de 12 anos nos Estados Unidos, formou-se pela Universidade de Harvard
e foi chefe do Departamento de Antropologia da Universidade NotreDame, no
estado americano de Indiana. Há 6 anos, Da Matta voltou a morar e lecionar no
Brasil.
O
antropologista discute sobre o nosso país o analisando e fazendo comparações,
nas quais o principal ponto de referência é os EUA. O brasileiro não se define
como indivíduo, mas sim como pessoa, através da qual vigoram relações de troca
de interesses, de família, de amizade. Através disso se tem o “império” do
privativismo, ou seja, suprime-se o público em detrimento do privado que sempre
prevalece diante da “pessoa” brasileira. Não é a toa que o brasileiro dá o seu
“jeitinho” para obter os seus anseios, através de uma troca de interesses, ou
até mesmo de uma violação do público. Da Matta discorre sobre o “jeitinho
brasileiro” no livro “Fé em Deus e pé na tábua”, na qual ele faz um paralelo
entre o trânsito e a sociedade brasileira.
Neste
livro, Roberto observa a realidade brasileira sob duas leituras: uma “institucionalista”
(público) e outra “culturalista” (privado/casa). Em outros termos, seriam a
“sociologia do indivíduo” e a “sociologia da pessoa”, respectivamente. Para
ele, estas realidades se confundem, de modo que o unilateral é visto sob a
forma dual na qual se apresenta. E o autor discorre acerca destas dualidades.
Da
Matta discorre, principalmente, sobre a dualidade casa e rua. Há, de fato, uma
interferência recíproca de uma na outra. O campo da casa é invadido pelo
Estado, assim como o campo da rua é invadido por relações pessoais, na qual o
indivíduo age sob a forma de pessoa. Ao falar sobre isso, Roberto faz uso de
uma expressão comumente usada pelo brasileiro: “você sabe quem está falando?”.
As pessoas têm transformado a rua em casa, de modo que subvertem a hierarquia
tanto da rua como da própria casa. De fato, a sociedade brasileira se
constituiu sob um estilo hierarquizado, no qual se sobressai, seja na rua, seja
na casa.
A
igualdade brasileira é apenas teórica, visto que na prática há sempre a necessidade
de por o outro no “seu lugar”, o que é visível na expressão “você sabe quem
está falando”? Nas palavras de da Matta:
“no
caso das leis gerais e da repressão, seguimos sempre o código burocrático ou a
vertente pessoal e universalizante, igualitária, do sistema. Mas no caso das
situações concretas, daquelas que a ‘vida’ nos apresenta, seguimos sempre o
código burocrático das relações e da moralidade pessoal, tomando a vertente do
‘jeitinho’, da ‘malandragem’ e da solidariedade como eixo de ação. Na primeira
escolha, nossa unidade é o indivíduo; na segunda, a pessoa. A pessoa merece
solidariedade e um tratamento diferencial. O indivíduo, ao contrário, é o
sujeito da lei, foco abstrato para quem as regras e a repressão foram feitos”.
(DA MATTA, 1981, p.169).
De
fato, a pessoa se sobressai ao indivíduo. Por outro lado, ele estabelece os EUA
como comparativo. Lá a pergunta é “quem você pensa que é?”, visto que as
relações ocorrem sem esta dualidade brasileira. Dualidade esta explicada pelo
próprio processo de formação histórica do nosso país, marcado pelo patriarcalismo, coronelismo, clientelismo. Enfim, o país foi formado,
sob uma perspectiva hierarquizada, através da qual se impôs o “império” do
privativismo.
Há também na obra
“Carnavais malandros e heróis” uma reflexão sobre as relações entre as pessoas
no Brasil percebe a existência de uma cultura hierarquizada. Tal cultura que é
percebida nas relações cotidianas se contrapõe a visão muito difundida no país
que aqui “todos somos iguais”, que somos um povo simples, que nos tratamos
informalmente como sinal dessa igualdade. O que Da Matta conclui a partir de
suas observações, é que os brasileiros gostam de hierarquia, gostam de ter
privilégios nas relações com os demais.
Um exemplo disso é a hierarquia no trânsito, no qual cada pessoa se
fecha em seu mundo particular no interior de seu carro, e que os proprietários
dos carros se sentem superiores aos demais componentes do transito,
acrescentando também a ideia de que quanto mais novo, quanto maior o carro mais
prioridades ele deve possuir.
Da Matta também faz a
reflexão sobre o paradoxo nas relações brasileiras, visto que aqui coexistem
duas perspectivas quase que opostas. A primeira delas é o jeitinho brasileiro,
o modo particular de comportamento brasileiro no qual se tenta burlar as
pequenas regras do dia a dia, desde furar uma pequena fila à corromper
profissionais em seu favor. Esse jeitinho brasileiro seria um modo de
simplificar as relações de pedir pra o outro de colocar no lugar, de querer ser
a exceção à regra. A segunda perspectiva é que simplificada pela frase “Você
sabe com quem você esta falando”, como se o indivíduo estivesse falando pra o
outro “ponha-se no seu lugar, eu sou melhor que você”. Essa cultura de se achar
melhor que outros pelo fato de exercer um cargo ou até por ser parente de
alguém que exerça um cargo importante é usado pelos brasileiros para tentar
legitimar uma superioridade.
Desse modo, pode-se
observar a contradição na cultura brasileira que opõe um “jeitinho brasileiro”
mais cordial nas relações, mas simples em que uma pessoa se coloca no lugar da
outra e lhe presta algum favor. E a cultura do “você sabe com quem você esta
falando” uma perspectiva marcada pela hierarquia, pelo ar de superioridade,
pela arrogância de um individuo em relação a outra. Tal contradição, pode ter
fundamentos históricos visto que aqui coexistirão colonizadores, nativos,
escravos, imigrantes enfim uma mistura de culturas. Em suma, o Brasil é marcado
pela multiplicidade de raças, culturas e como se pode observar pela
multiplicidade das formas de nos relacionarmos uns com outros ora marcada pela
simplicidade e cordialidade, ora marcada pela arrogância e hierarquia.
Links e artigos de apoio
http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/16570/16570_5.PDF GILBERTO FREYRE
http://www.youtube.com/watch?v=Ej6GGIMJqsU&feature=relatedVIDEO DA MATTA
http://www.youtube.com/watch?v=kNkGfbGPs48&feature=fvwrelVIDEO DA MATTA
http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/65068_7368.PDF DA MATTA
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patrimonialismo PATRIMONIALISMO
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/9351SERGIO B
http://www.webartigos.com/artigos/patrimonialismo/4404/ SERGIO B, RAYMUNDO FAORO, VICTOR NUNES
http://www.estudosibericos.com/arquivos/iberica11/5vianabuarque.pdfSERGIO B
http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv177.htm GILBERTO
http://www.acessa.com/gramsci/?id=36&page=visualizar GILBERTO
http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/fm000012.pdf LIVRO IMAGINARIO DA BRASILIDADE EM GILBERTO FREYRE
http://www.youtube.com/watch?v=Ej6GGIMJqsU&feature=relatedVIDEO DA MATTA
http://www.youtube.com/watch?v=kNkGfbGPs48&feature=fvwrelVIDEO DA MATTA
http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/65068_7368.PDF DA MATTA
http://pt.wikipedia.org/wiki/Patrimonialismo PATRIMONIALISMO
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/9351SERGIO B
http://www.webartigos.com/artigos/patrimonialismo/4404/ SERGIO B, RAYMUNDO FAORO, VICTOR NUNES
http://www.estudosibericos.com/arquivos/iberica11/5vianabuarque.pdfSERGIO B
http://www.artnet.com.br/gramsci/arquiv177.htm GILBERTO
http://www.acessa.com/gramsci/?id=36&page=visualizar GILBERTO
http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/fm000012.pdf LIVRO IMAGINARIO DA BRASILIDADE EM GILBERTO FREYRE
Links da Bibliografia
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26ª ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
BEUTTENMÜLLER, Alberto. Sérgio Buarque de Holanda: o homem cordial. Digestivo Cultural. Disponível em: http:// www.digestivocultural.com/ ensaios/ensaio.asp?codigo=18. Acesso em: 23. abr. 2008.
SILVEIRA, Éder. Notas sobre Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda e Teoria do Medalhão, de Machado de Assis. Disponível em:www.unicamp.br/siarq/sbh/ Silveria_Eder-Raizes_do_Brasil- e-Teoria_do_Medalhao.pdf. Acesso em: 22. abr. 2008.
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v16n45/4330.pdf
http://start.funmoods.com/results.php?f=4&q=1&a=pcmega1&chnl=pcmega1&cd=2XzuyEtN2Y1L1
BEUTTENMÜLLER, Alberto. Sérgio Buarque de Holanda: o homem cordial. Digestivo Cultural. Disponível em: http://
SILVEIRA, Éder. Notas sobre Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda e Teoria do Medalhão, de Machado de Assis. Disponível em:www.unicamp.br/siarq/sbh/
http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v16n45/4330.pdf
http://start.funmoods.com/results.php?f=4&q=1&a=pcmega1&chnl=pcmega1&cd=2XzuyEtN2Y1L1
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