No primeiro capítulo da obra, intitulado “Fronteiras da Europa”, Sérgio Buarque demonstra que os países ibéricos não tinham adquirido uma hierarquia feudal enraizada, ao contrário da maioria das demais potências europeias. Para os países ibéricos cada homem tinha que depender de si próprio e somado a isso havia o relaxamento organizacional que estava muito presente na história de Portugal e, consequentemente, na do Brasil.
Em seguida Sérgio Buarque fala que existem dois tipos de homens: um com olhar mais amplo, o aventureiro, e outro com olhar mais restrito, o trabalhador. No entanto, esses dois homens se confundem dentro de si mesmo. O gosto pela aventura do povo português foi o que possibilitou a colonização do Brasil. O português vinha para a colônia buscar riqueza fácil, além disso, eles preferiam a vida aventureira ao trabalho agrícola. O trabalho agrícola ficou a cargo dos escravos. Para Sérgio Buarque, os portugueses já eram mestiços antes dos descobrimentos, além disso, já conheciam a escravidão africana no seu país. O autor faz parecer que o preconceito com os negros era bem maior do que com os índios no Brasil colonial. O trabalho mecânico era desprezado, pois só se fazia o que valia a pena, o que era lucrativo. Buarque afirma que os brasileiros não eram solidários entre si, que a moral da senzala era a preguiça e que o resultado de tudo isso foi a mestiçagem, que possibilitou a construção de uma nova pátria.
No terceiro capítulo, quando o autor trata do tema da herança rural, se define porque a relação de mando-obediência encontrou campo fértil no Brasil: “nos domínios rurais, a autoridade do proprietário de terras não sofria réplicas. Tudo se fazia consoante sua vontade,muitas vezes caprichosa e despótica”(HOLANDA,1995:80).Em
Sérgio Buarque retrata no 4° capítulo a diferença entre a colonização portuguesa e espanhola e como elas marcaram culturalmente e socialmente sociedades posteriores. A colonização portuguesa, considerada semeadora, diante do interesse apenas da exploração das terras e por não querer criar raízes. Queria a colônia como um meio de obter lucro de maneira rápida, devido a isso deixou a mesma sem organização e sem estrutura, não dando importância as construções e nem mesmo e atentando ao crescimento da colônia. Embora a colonização espanhola tenha sido bem diferente, deixando marcas e construções da metrópole, sempre preocupada com a entrada de estrangeiros. O referido autor comenta também sobre a língua falada em São Paulo, que era a dos índios, já que quando os colonizadores chegaram à colônia, era habitada pelos índios. Deu ênfase na importância que os portugueses dedicavam a fazer parte da nobreza.
No 5° capítulo intitulado “O Homem Cordial’’ o autor leciona que o homem cordial é um homem que se deixar levar pelo coração, pelos laços familiares e sentimentais. Ele explica que o brasileiro é considerado um homem cordial, em virtude de o Estado ser propriedade da família e isso dificulta até hoje a distinção da esfera da vida pública da esfera privada, os políticos, por exemplo, tendem a usufruir de seus cargos (públicos) objetivando “vantagens” na vida privada. Segundo Sergio Buarque, o que caracteriza o homem cordial é a burocracia e o patrimonialismo.
Sergio Buarque no 6° capítulo, “Novos tempos’’, ressalta que os bacharelados de antigamente não davam tanta importância para o saber, o importante era o poder que teriam, o quanto essa formação iria proporcionar um capital e a sua satisfação individual, ou seja, o “status”. Comenta sobre a aparente sociabilidade, mas na verdade o que prevalecia era o individualismo. E escreveu sobre o romantismo, que a partir dele a sociedade não enxergava a realidade dos fatos, tanto que ele menciona a democracia que foi criada, uma democracia que para o autor não era real.
Finalizando a celebre obra o autor escreve o sétimo e ultimo capítulo chamado “Nossa Revolução”, aonde aborda como as cidades, a economia, a cultura e a sociedade mudaram, embora que de acordo com o autor, se não acabar com a “cordialidade” o Brasil não vai obter uma revolução, ou seja, uma grande mudança. A sociedade precisa saber se desvincular desse sentimentalismo e buscar a “racionalidade”. Ele retrata a passagem de rural para urbana, da economia baseada na cana-de-açúcar para a economia com o foco café, da oligarquia até a democracia, embora que fosse disfarçada. E enfatizou as revoluções, que ocorreram no decorrer da história do Brasil.
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